Sobre a dificuldade para expressar os sentimentos.
- Yolanda Minguez de Juan
- 15 de out. de 2013
- 2 min de leitura
Psiquiatras da década de 60 perceberam em pacientes com frequentes queixas de origem psicossomática, fatores que mantinham em comum. Entre estes comportamentos diferenciados se alertavam os seguintes aspectos;
Baixa autoestima;
Dificuldade em expressar e descrever sentimentos;
Falta ou carência de elaborações imaginativas, espontaneidade ou improvisação de atos;
Tendência a se utilizar de comportamentos com inclinação concreta/operacional;
Dificuldade para analisar e falar sobre sensações corporais.

Aprender a expressar-se.
Estas características somadas à presença de doenças psicossomáticas e/ou crises de doenças autoimunes, estavam presentes no que intitularam de Alexitimia.
Como doenças psicossomáticas entendem-se por exemplo; crises alérgicas, urticárias, pruridos e rinites e/ou doenças mais sérias como psoríases, herpes e outras afeições da pele. Já nas doenças de origem autoimunes, podemos assinalar, por exemplo, uma das doenças que atualmente tem enigmando o âmbito da saúde, a chamada endometriose e outras, tão importantes como esta.
A Alexitimia é uma perturbação que interfere no processo emocional e que resulta na dificuldade de expressar de maneira efetiva (funcional) os sentimentos e emoções. É claro que esta dificuldade pode se dar em níveis e graus de intensidades variadas, não sendo, exclusiva a falta ou ausência da expressão das emoções da pessoa com Alexitimia.
Existem diversas teorias sobre a fonte destes sintomas, que vão desde traumas durante a infância, questões sócio-culturais, afetações de origem neurológicas, traumas cerebrais, dentre outras…A origem da Alexitimia poderia ainda, ter origem orgânica, porém, a maior parte dos estudiosos acreditam que esta doença pode ser desenvolvida inicialmente e durante as interações da pessoa afetada com o ambiente, essencialmente, durante o período da formação cognitiva e o desenvolvimento de habilidades sociais que costuma acontecer, período da infância.
O que significa que diante desta teoria a pessoa afetada pela Alexitimia, não teria necessariamente uma deficiência de origem anatômica, orgânica ou na estrutura cerebral, mas acredita-se que poderia haver-se desenvolvido uma forma comportamental característica, fruto de suas vivências e que o levaram a adquirir uma aprendizagem inadequada da elaboração dos sentimentos, provocando assim, uma frustração, contenção, paralisação, bloqueio e/ou retenção dos mesmos, devido a algum evento traumático ou vários, que dificultaram a compreensão, reconhecimento, apreensão e finalmente a expressão das emoções de maneira funcional.

Assim, a elaboração inadequada na aprendizagem dos sentimentos podem levar na vida adulta à comportamentos inusuais ou incomuns, como o desenvolvimento, por exemplo de manias, como repetições, fixações quando em conflito de emoções, para conseguir aliviar à tensão pulsante sofrida pelo afetado. Citando aqui, por exemplo: compulsão por compras, consumo de drogas, compulsão por comida, entre outros muitos comportamentos que possam provocar o “alívio” instantâneo e ilusório, destes sentimentos de frustração, que dificultam a devida resolução e elaboração das emoções de maneira funcional.
Elaboração do conteúdo desta publicação:
Autoria: Yolanda M. de Juan
Psicóloga atuante na área clínica na região do Alphaville/SP
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